© João Vitor Garcia
A promoção de um desenvolvimento sustentável na Amazônia é vital para o equilíbrio global. Várias iniciativas buscando esse objetivo foram desenvolvidas nas últimas décadas, mas poucas conseguiram gerar os impactos desejados.
A proposta do Acompanhamento Territorial é contribuir para o enfrentamento desse desafio por meio da mobilização de conhecimentos e atores variados, de forma a conceber e estimular visões de desenvolvimento específicas para cada território, em sintonia com as características e necessidades locais. Instituições locais, públicas e privadas, podem elaborar em conjunto uma visão e um plano de ação para seguir o caminho do desenvolvimento sustentável definido localmente.
A partir desse entendimento, a Cooperação Científica Franco-Brasileira – que inclui o Centro de Cooperação Internacional em Pesquisa Agronômica para o Desenvolvimento (Cirad), o Instituto de Pesquisa para o Desenvolvimento (IRD) e várias instituições brasileiras de ensino e pesquisa – conduz na Amazônia um conjunto de projetos baseados no conceito de Acompanhamento Territorial.
Conheça nossas ações e propostas.
O que é Acompanhamento Territorial
O Acompanhamento Territorial é uma dinâmica coletiva de reflexão sobre o território, para gerar um conhecimento novo e mais adequado ao desenvolvimento sustentável. Os métodos e ferramentas científicos utilizados buscam levar os atores sociais a tomar decisões qualificadas relacionadas à gestão de seu espaço, com a finalidade de promover um desenvolvimento mais sustentável.
Nesse processo, busca-se estabelecer sinergias sociais, ambientais, econômicas e de governança que gerem valor, garantam a renovação dos recursos naturais e ajudem as instituições a construir soluções de médio e longo prazo.
A partir do Acompanhamento Territorial, os atores podem enxergar seu espaço com um outro olhar e conceber novas regras para geri-lo.
A metodologia do Acompanhamento Territorial pode contribuir em várias dimensões
Mobilização de atores locais
Com o Acompanhamento Territorial, os atores locais podem compreender melhor os seus espaços, o uso e a ocupação do solo, além de definir ações para uma utilização mais sustentável dos recursos, tais como recuperação de áreas degradadas, aumento da produção em áreas abertas e manejo florestal sustentável.
Tecnologia da informação
A análise coletiva dos dados sobre o bioma (desmatamento, uso da terra, aptidão do solo, modos de vida e organização social) permite enriquecer as interpretações, que por sua vez abrem caminho a melhores práticas e a ações mais pertinentes. Através de metodologias interativas e criativas, como jogos, modelagem e simulações, o processo de Acompanhamento Territorial permite processar informações e elaborar conhecimentos compartilhados, que vão embasar as soluções e prioridades para o território e seu desenvolvimento sustentável.
Protagonismo
O Acompanhamento Territorial propicia o empoderamento dos atores envolvidos. O processo estimula as pessoas a se sentirem protagonistas da mudança socioambiental e, localmente, a participarem de decisões que vão garantir equilíbrio entre as diversas atividades econômicas e a conservação do meio ambiente.
Valorização dos saberes tradicionais
A partir dos conhecimentos tradicionais dos moradores e das informações pesquisadas em campo, cientistas e atores envolvidos co-constroem conhecimentos que poderão ser usados pelas comunidades para um diálogo com o setor público, favorecendo a criação de políticas e o atendimento de demandas sociais que possibilitem o desenvolvimento sustentável.
Quem pode participar de um processo de Acompanhamento territorial
Ao promover uma visão ampla sobre os desafios do território, os processos socioambientais e socioeconômicos em andamento e suas interações, o Acompanhamento Territorial oferece um caminho para um desenvolvimento mais participativo e sustentável, que não seja pautado apenas pela extração de madeira, pela conversão de floresta em pasto ou pelas lavouras de grande escala.
O objetivo é desenvolver opções econômicas viáveis, respeitando os modos de vida locais e o meio ambiente, construindo uma compreensão comum do território para definir ações e políticas que beneficiem todos no desenvolvimento do território, como:
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- Poder público
- Associações comunitárias
- Empresas
- Sociedade civil organizada
- Trabalhadores
- Comunidades tradicionais